20 junho 2019

Título: Culpa

Finalmente "perdi a cabeça" depois de tantas noites sem dormi, tantas vezes que a levei a emergência, tantos médicos sem acertarem a medicação e as 3 internações. Tudo tem um limite. Fiquei doente e mesmo assim, não fui ao médico. Fiquei com ela todas as noites, acordas. Sai com ela todos os dias com o objetivo de distrai-la e ela ficar cansadinha e, nesse dia, descobri que o remédio tarja preta estava diminuindo. Isso mesmo, eu passei a controlar todas as medicações e ela sabia a onde eu guardava. Sempre foi muito observadora e, quando não pegava no sono, mesmo eu ter dado o remédio para dormir, ela acabava se levantando, com toda a dificuldade que tinha e risco de quedas e, ia até o armário e tomava mais um comprimido escondida. Percebi e comecei a contar os comprimidos. Afinal de contas, eu podia estar errada.
- Mãe, você tomou o remédio?
- Não.
- Fala verdade, mãe. Esse remédio é controlado e você pode passar mal.
- Não, filha, não tomei.
- Então alguém está pegando escondido, porque ontem a noite tinha XX e hoje tem um a menos.
- Então foi a empregada.
- Se foi ela, vou demiti-la, porque quem pega remédio escondido, pode pegar qualquer outra coisa.
- Não faça isso, filha, por favor.
- Por quê?
- Porque fui eu quem pegou, eu não conseguia dormir e tomei mais um.

Conclusão, ela estava tomando uma dose muito alta de remédios para dormir e, quando não conseguia, pegava mais. Então, as noites em que ela conseguia, era porque estava "dopada" e eu, estaria muito encrencada se ago ocorresse com ela, afinal de contas, sou a filha quem cuida, quem controla a medicação, e fico 24 horas com ela.
E agora?

Briguei com ela, falei um monte de coisa, coloquei tudo pra fora.
Depois veio a culpa.
Culpa por não ter percebido antes. Culpa por ter brigado e falado o que pensava. Culpa por não estar dando conta, pela minha falta de experiência e ingenuidade, culpa, culpa e mais culpa.
Não dormimos essa noite.

Dois dias depois, nova queda, apesar das barras de segurança, ela caiu da cama. Caiu? Tirou a barra e se jogou. Desta vez não a levaria ao mesmo hospital do Méier, pois estava bastante envergonhada de não estar dando conta do recado e ela se machucando. Estávamos no dia 15 de março e ela levou pontos na cabeça. Ficamos até as 5h da manhã e, ao retornarmos para casa, mudei a cama dela de lugar, encostando na parede. Ficou horrível, mas era o jeito, pelo menos ela não iria cair e, se caísse, teria um colchão no chão, ao lado da cama para ampara-la.
No dia seguinte a levei a outro Neurologista.
Dois dias depois, no Pneumonologista.
Dia 25 retornamos a Geriatra que passou uma nova medicação em gotas. Finalmente, a Dra ASnne tinha acertado. Mamãe voltou a dormir a noite. Por dois dias.
No terceiro teve insônia e foi assim, durante o primeiro mês. Ela dormia dois ou três dias e no seguinte não. O remédio foi ajustado e na sequência, ela estabilizou e as noites ficaram boas.






2 comentários:

  1. Oh,Deus!
    Difícil, em Juana!
    Passou, passou,passou....

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  2. Passou. Ela é muito forte, corajosa, enfrentou tudo e venceu as dificuldades.

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