26 junho 2019

Um Milagre em nossas vidas

Só posso começar escrevendo que um Milagre aconteceu em nossas vidas com a franca recuperação de mamãe. Após um período muito difícil entre outubro de 2010 e março de 2011, sem falar das quedas e da total dedicação a ela, para que o ano de 2011 fosse concluído, o ano seguinte foi bom. Muita fisioterapia, saídas a passeios externos, uma alimentação forte e saudável, Hobbies para distraí-la e, o Alzheimer ainda não tinha chegado a nossa porta.
Chegou 2013 e, em fevereiro a Jerusa nos deixou. Sumiu. Do nada faltou 15 dias e quando retornou, comunicou que não mais voltaria porque estava cansada de ser ofendida por minha mãe. Como assim? "Ela fala na linguá dela coisas que não entendo, parecendo que está me xingando." Mas não está. Afirmei. Ela nunca foi de ofender as pessoas e nunca admitiu palavrões em casa. Mesmo assim, ela foi embora e me deixou na mão de um dia pro outro. E agora? Fui a luta e com as mangas arregaçadas, assumi a casa, além das tarefas com minha mãe. Para sair para fezer compras ou outras tarefas, contei mais uma vez com a ajuda da Jesuíta. E aos sábado, uma faxineira finha fazer o serviço mais pesado.
Então, vocês irão pensar, porque não ficou com a Jesuíta logo, já que ela já tinha trabalhado pra nós durante tantos anos e seria uma pessoa de confiança? Porque ela estava com problemas de saúde e já não podia trabalhar em casa de família e sem forças para segurar a mamãe. Tinha que arrumar outyra pessoa e, urgentemente.
Então, em fevereiro, faleceu uma vizinha nossa. Ângela trabalhava nessa casa. Após um período de luto onde ela ajudou a família no imóvel, fiz o convite, que aceitou prontamente. Abril daquele ano, ela começou a trabalhar aqui em casa, não todos os dias, mas em dias alternados. Basicamente, ela ficava responsável pela casa e eu pela minha mãe.
Depois de um ano, Ivana foi embora, seus horários estavam ficado difíceis, devido as novas funções no trabalho como fisioterapeuta. Entrou a |Rosana, que todos já conhecem.
Outubro chegou e lá fomos nós para o hospital do Méier, mamãe com febre alta e tosse. Pneumonia.
Liberada para o tratamento com antibióticos em casa.
Nessa época, ela me acompanhava ao supermercado, me ajudava na cozinha, descascando os legumes, e fomos algumas vezes na Casa de Espanha, no Humaitá. Comprei uma máquina de costura portátil e, mesmo nunca tendo costurado na vida, fiz alguns vestidos para ela, do tipo de ficar em casa. Todos bem coloridos, estampados, fresquinhos. Muitos destes vestidos, vocês podem ver nos vídeos.
Foi um período produtivo, saiamos para comprar os tecidos, eu cortava o molde e ela fazia o primeiro aliamento a mão. Depois eu passava na máquina e a primeira prova, os acertos e erros e nosso primeiro vestido junto. Fiz panos de cozinha (os primeiros ficaram assustadores) para treinar, lencõis e fronhas, e uns dez vestidos.
Um determinado dia, mamãe estava fazendo a parte dela, pegou na tesoura e cortou ao meio a parte de trás do vestido e depois tentou juntar as duas peças, que deveria ser inteira. Fiquei olhando para a cena e não conseguia entender o que tinha acontecido. Como? Ela tem décadas de experiência em costura e fez isso! Consegui unir as duas partes na máquina de costura e, ela se desculpando, assustada, não entendendo porque tinha feito aquilo. Simplesmente era o Alzheimer batendo nas nossas caras. Só que ainda não sabíamos
Hoje, parando para escrever, recordo desses momentos e vejo quantos sinais me foram dados. Mas, temos o hábito de dizer que essas coisas não acontecem nunca com a gente... só com os vizinhos, de preferencia, distantes.








Nenhum comentário:

Postar um comentário