02 julho 2019

As crises

Falar não é fácil quando se está envolvida com a situação. Como escrever o que sinto e o que penso. Já briguei muito com profissionais da saúde visando o bem estar da minha mãe. Qualidade de vida é o meu objetivo. O Alzheimer irá vencer, um dia. Mas não hoje. Enquanto isso, vivo uma vida de luta. Brigo por ela. Respeito a opinião de todos e a formação de cada um mas, eu conheço a minha mãe. Vivo com ela, cuido dela, fico as noites acordas ao seu lado, percebo com apenas um olhar o que ela quer. Então.... não me venha falar "abobrinhas", pois o bom senso é maior.
Porque tudo isso?
Simples, todas as vezes, que foram necessárias, a ida a emergência e, consequentemente a uma internação, na sua maioria das vezes, com problemas pulmonares, mamãe ficou no CTI e depois no quarto do hospital. Informo os medicamentos e horários que ela toma, seguindo uma orientação do médico dela. Não invento. Sigo a risca. E para a minha surpresa (hoje não mais), tenho que repetir a mesma coisa cinco, seis, sete vezes para cada profissional que entra no quarto. Não só no ato da internação no CTI, como também para a transferência para o quarto, depois para a enfermeira chefe que vem se apresentar, para a equipe técnica, para a fisioterapeuta, para a nutricionista, para o plantonista da noite, etc. Cadê o prontuário? Mas tudo bem, se essas medicações fossem seguidas. Mas não são. Primeiro, temos que nos adequar ao horário de medicação do hospital. Até entendo, pois se cada paciente tiver um horário diferente, pode ocorrer erros ou esquecimentos, pois o hospital tem uma rotina, de manhã, banho, troca de lençóis, etc. O problema é que eles acabam não ofertando a medicação informada. O que quero dizer é que, mamãe com Alzheimer, necessita das quetiapina a tardinha, para não ter crise. Imagine uma pessoa que passou 13 dias num CTI, sem janelas, luzes ligadas direto e vai para um quarto ou enfermaria, com um monte de pessoas estranhas mexendo, entrando e saído, cutucando na veia, olhando a fralda e colocando máscara de nebulização ou de oxigênio. Vai ter crise. Como teve. Com a crise, veio a agitação, com a agitação, sentiu falta de ar, com isso, neutralização, e a ficha do paciente fica registrado que teve bronco espasmo e com isso, mais um dia de tratamento. A quetiapina, nada. O caso se repete no dia seguinte, no outro e no outro e eu, brigando. Os enfermeiros não podem dar sem a prescrição médica e o médico esquece de prescrever por que, ao visitar, o fazem no andar todo e não anotam. Mamãe também faz uso de remédio tarja preta para dormir e, por estar com muita medicação, a retiraram. O quê?! Então mamãe pode ficar agitada e sem dormir por uma, duas, três noites, quatro..... Não estou dizendo que a equipe não seja atenciosa, competente ou outra coisa. Apenas que acho muito estranho o médico cortar o remédio, não informar ou nem mesmo falar com o acompanhante do paciente. E eu me torno chata. Cobro, pergunto, vou atras, questiono, invado a sala dos residentes (fiz isso no CTI na última internação), tudo isso no salto alto.
O hospital, geralmente tem escala de médicos e, o prontuário é o meio de comunicação entre eles. Na última internação (24 de abril a 14 de maio), ela fez uso de corticoides, dosagens altas e,  teve alta, com 5 mg. Sabemos que o corticoide tem ação anti-inflamatória para os broncos e, como mamãe tem problemas recorrentes com os pulmões, já tinham me dito que ela sempre usaria uma dosagem pequena do corticoides, para estabilitar. Entre os males, a qualidade de vida, já que ela fica muito tempo deitada ou sentada, por não conseguir mais andar. Onde quero chegar. Foi dito (o médico do plano que atende em casa que veio no dia 14 de junho) para fazer o "desmame" desta dosagem (5mg) mesmo eu avisando que isso iria causar transtornos daqui uns dia, sem o remédio. Obedeci. O desmame foi feito. A consequência: Link: https://youtu.be/Ss-KorH_74I
Mandei o vídeo de 30 segundos para o médico, que mandou eu leva-la a emergência. Mas dr, pergunto eu, como leva-la a emergência em plena crise de falta de ar as duas horas da manhã? Devido a dificuldades de locomoção e por estar sozinha em casa com meu filho de 12 anos o que devo fazer? Levo os dois comigo e o largo na recepção do hospital enquanto acompanho minha mãe ou chamo a ambulância, que demora em média 90 minutos ou mais para chegar e deixo meu filho sozinho em casa? Pego um táxi de madrugada, com as ruas hiper perigosas, vazias e, com toda a movimentação, a tendência é piorar o bronco espasmo.  O problemas não é só esse é a FALTA DE AR. O que devo fazer nesse meio tempo? Nebulização. Ok. Passada a crise, a ambulância não é mais necessária. Então, o que eu preciso no momento é que as crises não ocorram. Infelizmente é através da medicação. Necessito que os médicos falem a mesma língua, que um receite o mesmo que o outro nas dosagens corretas e não que um fale dê 5 mg de corticoides e o outro manda dar 20mg.  É evitar que ela bronco aspire, é retirar da cama e a colocar algumas horas numa poltrona, é pagar uma fisioterapeuta particular para fazer fisioterapia respiratória nela, é dar alimentação saudável, ambiente limpo e arejado, é dar atenção e ficar de olho nos sinais. É cuidar.
Link: https://youtu.be/t18Q3OkFAdE










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