01 abril 2017

Título: Mês de Janeiro, calor e tala no braço.

Primeiros dias com muita dor e medicação. Depois, o calor e a coceira. Então, o DESESPERO, querendo arrancar tudo. Muitas horas de vigilância para isso não acontecer.
Mas, o mimo ela teve. Visitas também, com direito a passeios no play e muito carinho.
Por coincidência, a amiga Rosângela também sofreu um trauma no braço e, dentro as brincadeiras a que mais marcou foi que, diante a amizade, a solidariedade falou mais alto. kkkkkk





Até o ursinho dela quebrou o bracinho também. Foi a única maneira que encontrei para ela não tirar a tala antes do tempo. Ela cuidava dele e ele cuidava dela.


Título: Quarta, dia 04 de janeiro.


A noite foi tranquila e o amanhecer melhor ainda. Mamãe dormiu bem e, as 7h da manhã, vieram tirar sangue para exames. Tomou seu café com avides e foi limpa pela equipe de enfermagem. As 9h veio um dos médicos cirurgião e deu alta. Vamos pra casa! Uhuuuuuuuuuu.

E começou a espera da alta, do maqueiro, que nos levou a outra médica, que mandou tirar o geso cirúrgico e colocar outro.
Depois, a espera do taxi e, finalmente.....



.... pra casa.

Angela nos recebeu em casa, com o quarto todo limpo e arrumado. Durante esse período, tinha feito a compra de um ar condicionado para o quarto e o serralheiro estava terminando de fazer a sua instalação. Agora sim, ela teria um quarto fresco nesse verão angustiante.
E eu, fui atras da medicação receitada, do almoço e depois, arriei cansada.

Não quero passar por isso de novo. Mas, se for preciso.... eu estarei sempre ao seu lado.



Título: De volta para o quarto.

As 11 horas eu já estava de mala e cuia no CTI aguardando a sua libração. Tinha apenas que esperar a equipe médica passar e conversar comigo. Tudo igualzinho aos seriados americanos. Nunca vi um CTI tão bem organizado, com alas separadas, tipo quartos, com TV e tudo mais.

Fui informada, que ela passou bem a noite e todos os dados médicos possíveis. Eu só entendi que ela teria alta do CTI e voltaria para o quarto.




Foram horas de espera.
Horas intermináveis.
Muito frio
Cansada e com fome. Não quis descer e lanchar para não perder a alta e demorar mais um pouco por causa disso. E lá fiquei. Fiquei observando os outros pacientes e seus familiares, de visita. Cada caso com sua gravidade. Fiquei observando a maneira que esses pacientes são tratados e, fiquei muito satisfeita. Só não estava gostando da demora em ir para o quarto, que precisava ser liberado e limpo antes disso.
E conseguimos ser transferidas para o quarto, depois das 16 horas.
E foi uma festa. As enfermeiras a recebem e tudo ficou bem.
Fomos jantar e nos preparar para mais uma noite no hospital.



Título: CTI.


Mamãe é forte. Seu coração aguentou bem. Não precisou de transfusão de sangue e, apesar do risco 3, os médicos ficaram bem surpresos. Eu não. Eu já sabia que tudo daria certo.



Não pude ficar muito tempo com ela.Só alguns minutos que consegui transformar em meia hora. Fui pra casa, levar a mochila com as coisinhas dela, tomar um banho, pegar a Angela, almoçar na esquina e voltar, as 14 h para o CTI, ambas de casaco, com um sol de 40 graus.




A equipe médica passou e deu o quadro completo. Se mamãe passasse bem a noite, voltaria para o quarto amanhã. Ficamos até as 17hs. 
Dormi na minha cama nesta noite, pensando nela.

Título: A cirurgia.

Finalmente chegou dia. Eu tremia e sorria ao mesmo tempo. Cheia de medos e expectativas. Mamãe tranquila, sorria também. Foi preparada pela equipe e o relógio começou a fazer tic tac. Qualquer ruído no corredor, me assombrava. A espera do maqueiro. O cara que irá levá-la para o centro cirúrgico.




O que se faz enquanto sua mãe é levada para o centro cirúrgico? No meu caso, acompanho até a onde permitem ir e retorno para o quarto. Tenho que arrumar tudo pois o quarto precisa ser liberado. Vou para a sala de espera do CTI e fico aguardando notícias. Mensagens de boa sorte e Fé repletam meu celular e isso me enche de esperança. Rezo e peço ao Bom Deus que me dê uma oportunidade de ficar com ela mais um tempo. Eu vou cuidar dela, prometo.
Não sei se é o nevrosismo ou o frio do andar, cujo ar condicionado deveria estar no mínimo, o queixo não para de bater e a vontade de ir ao banheiro, só aumentava. O banheiro é o único lugar quentinho do andar. Nem um café tem para aquecer. Ninguém para segurar minha mão. Vou alternando do medo a esperança, da ansiedade a segurança. Tudo vai dar certo. Já deu, diz meu coração. E ninguém aparece para dar notícia.
Passam duas horas e eu tremendo de frio.
Passa uma médica, ainda com a roupa da cirurgia e entra no CTI. Meu coração dispara.
Ela volta e pergunta se sou parente de Dna Apolonia. Simmmmmmmmmmmmmm.
"Correu tudo bem, ela vai ficar uma hora no centro cirúrgico para estabilizar e depois descer para o CTI, você poderá vê-la por alguns minutos". Essa foram as mais lindas palavras que ouvi nos últimos cinco anos.

Título: Feliz Ano Novo de 2017.

Domingo, as 6h da manhã, tomo coragem e mando 3 mensagem por Zap perguntando quem poderia vir e ficar com minha mãe enquanto eu fosse em casa, alimentar os passarinhos e tomar um banho, trocar de roupa, etc.
Não demorou muito e a primeira resposta chegou: "Estou indo agora".
Confesso que chorei.
Não só veio em questões de minutos, como também me emprestou o carro para ir e voltar pra casa com segurança. Zulmira, só tenho que te agradecer por essa disponibilidade tamanha.

E o domingo seguiu seu curso, sem grandes novidades, apenas com a confirmação de que ela entraria em dieta zero, após o jantar, para a cirurgia no dia seguinte. O médico veio falar conosco e confirmou aquilo que já sabíamos, da existência de um alto risco na cirurgia, nível 3. O máximo é nível 4.

E na TV, o programa Domingão do Faustão.

E na minha cabeça.....




... um filme.


Título: O dia seguinte depois de ontem.

Nunca o amanhecer foi tão desejado. E, junto, toda a movimentação na troca de equipe técnica. Café da manhã, banho e troca de lençóis. Novos exames e, finalmente, o médico.
Sábado, dia 31 de dezembro de 2016, com o médico a frente, informando que estava esperando a liberação da cirurgia e, das placas e parafusos que seriam colocados no braço da mamãe, ele me informa que o risco cirúrgico é alto e, que se ele pudesse, não faria a cirurgia. Mas, devido a situação, ele teria que operar. Estava aguardando também, que o resultado do ECO do coração fosse feito, para confirmar o dia da cirurgia que, dificilmente, seria no final de semana, sendo mais provável na segunda-feira, quando teria toda a equipe cirúrgica disponível. Confesso que sempre quia passar a noite do ano novo fora de casa, mas não deste jeito.


Mais uma vez, Angela nos socorreu, chegando antes do almoço, para me substituir por algumas horas, dando oportunidade de ir em casa. Aproveitei e tomei um banho frio, tomei café e arrumei meus passarinhos, que pareciam que estavam todos reclamando da demora do lanche deles.
Voltei a tempo de dar o almoço para mãe e liberar a Angela.



Num quarto de hospital, as horas não passam. Cada minutos parece ser uma eternidade. Ainda mais sendo o último dia do ano, tendo-se a dificuldade de encontrar alguém em casa disponível para me substituir por algumas poucas horas. Angela conseguiu me ajudar nesse momento.
A boa surpresa foi a visita da Lucinda, nossa amiga, que veio trazer um pouco de alegria nesse quarto e um presente para a mamãe. A gente não tem ideia como faz bem uma visita nesses momentos, até que se passa por isso. Geralmente pensamos que, não é bom incomodar, a pessoa precisa descansar, vai tirar a privacidade, etc. Então, deixo registrado que é tudo ficção. Se tiver oportunidade, vá visitar uma pessoa acamada. Faz um bem enorme.

E o dia seguiu até a festa do Reveillon...

Não ouviu um fogo de artifício, não escutei nenhum barulho de festa, não vi e não sei de nada. Dormimos. A noite toda, sendo apenas acordada nas vindas e idas da equipe hospitalar, que estavam monitorando minha mãe, que não acordou em nenhum momento.


Título: FINAL DE ANO 2016/2017

Muitas coisas aconteceram da virada do ano até esse momento.
Com o calor imenso de dezembro do ano passado, chegando a 40 graus com uma sensação térmica acima dos 45 graus, coloquei minha mãe para dormir na minha cama e eu ao seu lado, para que o ar condicionado fosse ligado. A primeira noite, deu turo certo. Ela dormiu bem e eu não. Afinal de contas dormir no chão não é uma das minhas tarefas prediletas.



Na segunda noite, madrugada do dia 30 de dezembro, as 4 horas da manhã, com minha mãe acordada, me levantei e fui ver o que ela queria. Disse que estava bem e se recusou ir ao banheiro ou trocar a fralda. Estava com muito sono ainda. Voltei a me deitar e não conseguia dormir pois, ela se remexia muito na cama, e o ruído da fralda com o protetor de colchão estava me indicando que algo não estava bem. Levantei-me e putz! Não sei como consegui chegar ao interruptor e, ao ascende a luz, percebi que ela estava no chão. Não deu um grito sequer, apenas gemia segurando o braço direito, na altura do cotovelo, que apresentou um inchaço imediato. Consegui coloca-la de volta na cama e pus gelo no local dolorido. O interrogatório começou e consegui entender o que havia acontecido. Minha mãe, apesar de sonolenta, resolveu ir ao banheiro e se levantou, segurando-se na cadeira de computador que tenho no quarto, com rodinhas. Logico que acabou perdendo o equilíbrio quando a cadeira deslizou e, o braço acabou virando por não ter largado a cadeira. Dor.
Nisso, as 4:30 da manhã, a deixei no quarto, com gelo e fui preparar o café, com a intenção de leva-la a emergência, pois acreditava que ela tinha se machucado mais seriamente do que no costume. Minha mãe se comportou com o uma verdadeira heroína. Não reclamava de nada e apenas aguardou. Fiz sua higiene e, com muita dificuldades, consegui leva-la ao banheiro. Nova queda. Desta vez ao tentar coloca-la sentada na cadeira de rodas. Por não ter forças no braço direito, sentou-se na pontinha da cadeira que, apresar de estar travada, não aguentou e putz!
Meu desespero era gritante e, fui em busca de ajuda. Creio que acordei a vizinha que, prontamente, veio me socorrer e, juntas, conseguimos coloca-la na cadeira de rodas.
Chegamos a emergência antes das 6h da manhã.
Duas horas depois, ainda aguardando o resultado do raio X, veio a médica e me informou que infelizmente minha mãe tinha esmigalhado o cotovelo e que precisaria ser internada para cirurgia. O choque foi tanto que não conseguia entender o prognóstico. Ou seja, seria internada para passar por uma cirurgia de reconstrução e, com um alto risco cirúrgico, por se tratar de pessoa idosa, 89 anos e, com diversos problemas de saúde.
Fomos encaminhadas para um box na emergência e, os exames pré operatórios começaram a ser feitos, enquanto aguardávamos a autorização do plano de saúde.
Não foi fácil segura minha mãe durante 12 horas, deitada numa cama, com o braço imobilizado, sem sua medicação diária do Alzheimer. Ela não conseguia assimilar que estava machucada e que tinha que ficar, apesar da dor.
O hospital nos recebeu e nos deu um atendimento de primeira linha, o problema estava na autorização do plano, que segue a risca toda uma burocracia, causando um atraso na internação. Quase véspera de ano novo e, nós duas, sem ter o que fazer para melhorar essa situação, apenas aguardar que terceiros resolvessem nossos problemas.




Finalmente, as 18 horas, Angela chegou ao hospital e me substituiu, para que eu pudesse ir em casa, separar algumas coisas necessárias para poder ficar com minha mãe durante todo o tempo de intermação. Fui e voltei em uma hora e meia. Nunca fui tão rápida em tomar banho, comer algo e preparar a mochila. Coloquei as Calopsitas pra dormirem e as cobri.
Conseguimos ir para o quarto após as 20h. rendidas e cansadas.
Lógico que tem todo aquele movimento de enfermeiras e equipe técnica em volta, preparando a mamãe para passar a noite, questionando sobre medicação e providenciando roupa de cama pra mim e um lanche para ela.
Quanto a sua medicação para dormir, só o médico poderia liberar, no dia seguinte. Passamos a noite em claro. E ela, não parou cinco minutos. E eu, GANHEI UM PAR DE OLHEIRAS.