05 junho 2019

Título: A farmácia

Bem essa história vocês já viram no YouTube. mas vale a pena contar.

Mamãe sempre foi muito independente sempre gostava de sair para fazer suas compras, seja de mercado, padaria ou farmácia. Mesmo me oferecendo para ir  seu luga, pois tinha que sair de qualquer maneira para resolver alumas coisas. A resposta era sempre não, não precisava de nada.
Eu já desconfiava que ela saia logo após de mim e deixei os porteiros orientados para me avisarem quando isso acontecia. Na maioria das vezes ela ia a farmácia comprar um medicamento livre para ajudar o intestino, que sempre foi preso e era uma das suas maiores preocupações nessa época. Chegava a usar um calendário para marcar o dia que teria que usar esse remédio para ir ao banheiro. Essas marcações a confundiam e ficava, as vezes, horas, marcando e remarcando, sinais nítidos do Alzheimer. Mas, nessa época, nem desconfiava.
Lembro-me bem da última vez em que ela saiu sozinha a farmácia, usava muleta para auxiliar nesse caminhar e o diagnóstico ainda não tinha chegado. Ao passar pela portaria, fui informada, como sempre, que minha mãe tinha saído logo depois de mim e voltara muito estranha.
Ao entrar em casa, a encontrei chorando e tremendo muito a tal ponto que tive que ajuda-la a se sentar e lhe dei um copo com água. Entre fortes soluços, contou que uma mulher tinha tentado assalta-la e a jogara em frente de um carro.
Como assim, mãe?
A estória tinha muitos detalhes e quanto mais eu perguntava, mais assustadora ficava.
Ela tinha saído para ir a farmácia pois esquecera de me pedir pra comprar o remédio dela, mesmo tendo celular na época, não lembrou de usar.
Passou pela banca de jornal e, ao atravessa a rua, cuja farmácia fica em frente, uma senhora, de uns 40 anos, bem vestida, colocou a mão sob o seu relógio e a empurrou, fazendo-a cair na faixa quando um carro freio bem em cima dela. Várias pessoas a socorreram e começaram a xinga a tal senhora que saiu correndo sem levar o seu relógio.
Nesse primeiro momento acreditei e a abracei quando ela me afirmou que esse seria a última vez que sairia a rua sozinha. No dia seguinte, fui em busca da verdade, pois achei muito estranho a mulher tentar roubar um relógio, estando ela com bolsa numa das mãos e a muleta na outra.
Na banca de jornais, o Sr. Francisco não tinha visto nada e nem ouvido nenhuma freada ou tumulto.
Na farmácia, o rapaz que sempre a atende, estava na porta no momento e me contou o que realmente aconteceu.
"Sua mãe estava parada na calçada aguardando o sinal fechar e, quando foi descer o degrau, uma mulher tentou ajuda-la, segurando seu braço esquerdo,  pois ela estava com a muleta do lado direito. Nem sei direito o que aconteceu, só vi sua mãe no chão e um monte de gente tentando levanta-la. O sinal estava fechado e os carros parados. Fui até ela e a ajudei a entrar na farmácia, colocando-a sentada num banquinho." E concluiu: "Você não deveria deixar sua mãe sair sozinha, pois ela poderia ter se machucado".







Nenhum comentário:

Postar um comentário