Título: Tudo junto e misturado
Com o avanço do Alzheimer, as expressões mudam, mas ela reconhece meu amor.
Sempre tivermos uma forte sintonia e, bastava um olhar para saber o que ela queria. Isso desde que me lembro. A minha mãe sempre foi uma pessoa forte, não só de opiniões, mas também de carácter. Lembro-me dela estar sempre presente, nas reuniões de escola, nos trabalhos escolares (mesmo não sabendo tudo), nas brincadeiras e, principalmente quando eu ficava dodói. Por ser filha única fui muito mimada, não no sentido total da palavra, pois os puxões de orelha existiriam. Costumava sentar comigo em vez de bater ou colocar de castigo diante as minhas peraltices. Houve uma vez que quase apanhei mas,por total falta de esquecimento. Não dela, da minha vovó Catalina. Vou contar: morávamos em uma casa bem grande com quintal. Como sempre,destacamos em crise econômica e não se encontrava alimentos nas prateleiras e era necessário fazer fila para se conseguir comprar o básico. Carne nem pensar. Isso era anos setenta. Os mais velhos devem se lembrar dessa época. A solução encontrada foi montar um galinheiro nos fundos do quintal e fazer um segundo andar beirando os 3 cantos, colocando em forma de "U", colocando alí duas coelhas e um macho, que acabaram se multiplicando no passar do tempo. Durante a semana, tínhamos carne de galinha e aos domingos, de coelho. Foram três anos desse jeito.
Mas, voltando ao assunto da quase surra, minha avó limpava esse galinheiro de tarde com minha mãe. Uma tarde dessas, mamãe precisou sair e eu fiquei responsável em fechar a portinhola, com minha avó dentro e, depois de uns 30 ou 40 minutos, ir abrir. Só sei que acabei me envolvendo com a sessão da tarde e, só escutei os gritos da minha avó no final do filme. Lógico que não fui abrir a portinha porque ela estava me ameaçando me bater. Esperei mamãe chegar. O final da história vocês já podem imaginar. Mamãe abriu a porta e, apesar dos meus apelos vovó, veio correndo com o cinto pra me bater. Imagina a cena: eu na frente (desesperada), vovó gritando com o cinto na mão e minha mãe atrás para evitar o pior. O que me saltou foi o coelho que escapou quando a portinha foi aberta. Então, o fico mudou. Enquanto as duas corriam atrás do coelho, eu me escondia debaixo da cama. Fiquei lá até meu pai chegar. Ah! Não apanhei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário