TÍTULO: EU ODEIO ALZHEIMER..
Quero minha mãe de volta!
A paciência de hoje está abaixo do nível de sobrevivência. Há dois dias que ela quer "ir pra casa" e só fala de uma "menina", que é vive com o irmão que é o tio dela. Ops! Será que sou eu essa menina? Hoje acordou as 5h30min da manhã pedindo pra voltar pra casa, se vou demorar muito para me arrumar. Nossa! Está me chamando de 10 em 10 minutos e tudo que digo se apaga. Tenho que rebobinar a fita. Meu Bom Deus! Eu odeio Alzheimer. Minha mãe está presa no próprio cérebro. Não reconhece a casa, não reconhece suas coisas que estão na casa. Concorda com tudo que fala e depois de 5 minutos, recomeça.
Tem dias que fico com medo de acordar e vê a realidade de casa. Não sei como ela irá se levantar. Na maioria das vezes, acorda em, toma seu café com pãozinho e depois vai para o banho. Procuro respeitar uma rotina para que ela fique acostumada a isso e não se esqueça dessas tarefas. Neste horário, interage com as calopsitas, que ficam soltas na área e vão pra cozinha buscar alimento. Também toma 4 comprimidos, sendo um para a depressão, dois para o Alzheimer e um para a glicose. A hora do banho é bem legal, brinco com ela e peço sempre a sua ajuda para se limpar. Isso a faz ter consciência da higiene e que o corpo precisa de banho todos os dias. A coloco no quarto e passo os cremes, a visto , penteio e, depois de toda essa rotina pós banho, a levo para a sala. É a hora da TV com seus programas preferidos. Geralmente, Missa ou outro programa religioso. Ao seu lado tem revistas, copo de água e o que necessitar. Aproveito esse momento de tranquilidade para arrumar os passarinhos, cuidar da louça do café, adiantar o almoço, arrumar as camas e outras tarefas domésticas.
Tem dias que a manhã passa tranquilamente e quando se nota, está na hora do almoço. s vezes come outras não. Gosta de novidade. Cada dia um prato diferente. Gosta de saber o que irá comer no almoço e sempre pergunto o que ela gostaria. Geralmente diz que não sabe e que eu escolha. Então sugiro dois pratos e ela acaba escolhendo um deles. Descansa depois, por uma hora, na cama. É a "siesta".
Então a mudança ocorre.
Quando não consegue descansar eu já sei que o Alzheimer começou a falar.
Quando descansa, quando se levanta, o Alzheimer pergunta algo.
Isso mesmo, o Alzheimer fala. E como fala.
Pergunta pelo marido, meu pai que já faleceu há 12 anos.
Pergunta pelos pais dela ou pelos irmão, todos já falecidos.
Pela tal "menina" que nunca vem.
As vezes por minha irmã, sendo que sou filha única.
Ao cair da tarde, "quer ir para casa". Sabe que tenho carro e que está na garagem, e me pede para levá-la de carro pra casa.
Inexplicável...
Nessas hora peço forças a Deus. Mas acho Ele demora em me atender e o Alzheimer continua falando.
Procuro entrar na sua história e acabo falando "mentiras terapêuticas". Ela realmente crê no que fala.
Seguimos em frente. Ainda estou aprendendo e cometo erros. Muitos por sinal.
Link do vídeo: https://youtu.be/1qPPIJom6OU e https://youtu.be/VH8tf_VtbFQ
Pense apenas que ela está treinando para se afastar de você
ResponderExcluirMinha amiga, é como vivier um luto em vida. Não sei se seria melhor o de repende. Vejo o sofrimento dela e sofro junto. Mas fico feliz em saber que você aceitou meu convite. A história segue.
ExcluirJuana boa tarde meu amor.vc não tem ideia da emoção que estar sendo ler isso que vc escreveu e tô com lágrimas nos olhos porque me sentia só e que essas coisas só acontecia com a minha mãe. Obrigada Juana por compartilhar essas dificuldades vc não sabe como é bom saber que alguém no mundo entende o que é realmente o Alzheimer. Abraço dentro do coração e mil bjinhos em dona Poli.
ResponderExcluirNão estamos sozinhos. Juntas somos mais fortes. Que bom que você gostou. Isso é encorajador.
ExcluirTudo isso é passado. Hoje você é outra pessoa. Que bom que você teve a sabedoria para mudar.
ResponderExcluirVocê me ajudou muito nesse processo.
Excluir