28 junho 2016

TÍTULO: OS FINAIS DE SEMANA.

Como filha única, tomei a decisão de cuidar dela. Com o  passar dos meses, percebi que esse peso emocional estava desequilibrado e que tinha que fazer algo, senão estaria enlouquecendo junto. Ver a pessoa que tanto se ama, incapacitada, devido esta doença tão degradante, me trouxe sofrimento, raiva, ódio, impaciência, intolerância e uma vontade enorme de jogar tudo pro alto e sumir. Sozinha eu não poderia fazer tudo. Resolvi, no início de 2015, cuidar um pouco mais de mim, primeiro com a minha saúde e, procurei meus médicos para realizar consultas e exames, que tinha adiado por cinco anos. Neste período estava sofrendo de um dor no pé direito que acabei descobrindo se tratar de uma fascite plantar que tratei com acupunturara durante quatro meses. Devido o sobre peso, entrei numa dieta com acompanhamento e sem medicação. Não podia realizar caminhadas, devido a fascite e só depois disso é que comecei a me exercitar. Tudo isso deu resultados e hoje me sinto fisicamente melhor. Minha alma também precisou ser cuidada e os Florais de Bach estão ainda me ajudando.
Mas, ainda resisto em trazer alguém de fora para me ajudar com minha mãe nos finais de semana. Sei bem que esse momento chegará um dia e uma cuidadora profissional ou um Home Care precisarão ser contratados. Hoje a Angela me ajuda durante a semana, vindo três vezes, para cuidar da casa e ficar com ela quando tenho afazeres fora. Mas, o final de semana é todo meu.

Todo final de semana é longo e cansativo. São 48 horas direto com minha mãe a merce da doença, que fala. São raros os domingos que ela fica bem. Geralmente não quer almoçar e fica na cama por muito tempo, recusando-se a sair para um passeio ou outra atividade. Essa tensão e esse cansaço pode-se sentir no ar e corta-lo com uma faca. Fico, geralmente na sala com ela, procurando distraí-la com revistas ou TV. Rádio ou música já não a distraem. Música, nem pensar. Ela acaba reclamando do barulho.  Quando vai para o quarto descansar, deixo o som da TV bem baixinho, para não incomodar e poder também escutá-la se me chamar ou tentar se levantar. Leio, gosto muito de ler e devoro em média um livro por mês, as vezes dois se forem menores do que 300 páginas.

Vou  me programar para sair com elas aos sábados ou domingo. São muitas horas trancada em casa e sair faz bem. A distrai e, apesar de toda a mão de obra com a cadeira de rodas, vale a pena ver o sorriso estampado em seu rosto.

O telefone já não toca mais. Evito ligar para não incomodar minhas amigas num dia de domingo. E elas não telefonam para não incomodar minha mãe. Fica tudo muito solitário. Não se tem ninguém para conversar sobre outros assuntos que não seja o Alzheimer. A necessidade de se ouvir uma voz é grande, virtualmente isso não se sustenta e, logicamente, minha mãe já não consegue manter um diálogo saudável e completo. Fala com dificuldades e muitas das coisas ditas não são compreendidas. Então sinto falta. Sinto muito falta mesmo.

Angela e minha mãe

sonequinha no sofá






Nenhum comentário:

Postar um comentário