25 junho 2016

TÍTULO: SENTIMENTOS.

Recordo-me que, ao retornar do hospital, da segunda internação, ela estava mais confusa do que antes. Ficamos praticamente 4 meses se ter uma noite boa de sono. Eu estava com olheiras bem profundas, tinha emagrecido bem e andava feito zumbi pela casa. É difícil dizer que sentia muita raiva. Odiava ver minha mãe daquele jeito. Briguei com Deus por ter me devolvido a mamãe pela metade. Não era isso que eu tinha pedido a Ele. Como se a Vontade Dele não fosse mais importante que a minha. Deixei de ir as Missas porque não tinha como quem deixa-la. Passei a comungar em casa, junto com mamãe, pois a Ministra da Eucaristia, Dna Maria José, trazia, já um bom tempo para minha mãe.  Dentro de sua confusão, ela me chamava durante a noite toda, se virava na cama, gritava, dizia coisas incompreensíveis e, no dia seguinte não se lembrava de nada.Tinha noites que eu ia ao seu quarto umas 30 vezes ou mais. Sempre me recusei a dormir no mesmo quarto com ela e cheguei a repensar no assunto, mas não queria formar este hábito, que seria difícil depois de cortar. Não sei o que se passava pela sua cabeça mas, ela se jogava no chão, da cama ao chão.Quedas essas, que na sua maioria não causavam danos, outros, acabavam machucando a cabeça, com pequenos cortes e corridas a emergência de um hospital. Acabei mudando a posição da cama, junto a parede e com um colchonete ao seu lado, amortecendo essas quedas.

Teve uma vez, que ela se jogou da poltrona reclinável que fica na sala. Eu estava na cozinha preparando algo e pum! Mamãe no chão, ensaguentada e com a cabeça machucada. Mais uma vez corri para a emergência. Os médicos de lá já me olhavam com estranheza. Faziam um monte de perguntas, afinal de contas, já tinha acontecido isso umas cinco vezes com aquela visita. Nossa! Será que eles estão pensando que eu estou machucando minha mãe? Que absurdo. Nunca encostei nela e nem o faria. Ela é a minha mãe. Podia sentir raiva e gritar com ela, pois os meus sentimentos estavam todos misturados e me encontrava no meu limite. Quando ela se machucava o meu desespero era tanto que acabava perdendo a cabeça e gritava com ela, perguntava por quê ela tinha veio aquilo, que dava trabalho ia a um hospital ou coisas parecidas. mas não deixava de levá-la e nem de ama-la. Teve uma época que desejei fugir e largar tudo. Isso não era vida. Mas não fiz. Nunca o faria.
Consegui com um marceneiro e a ajuda de uma vizinha, a madeira que acabaria colocando na cama da mamãe,  para evitar essas quedas. É móvel, de encache, fácil de colocar e prático para tirar. Um de cada lado. Como a cama dela estava na parede, colocava do lado e nos pés. Mesmo assim, numa madrugada, ela conseguiu tirar e, de novo, ao chão. Foi a pior das piores quedas. Nunca vi tanto sangue. Já tinha comprado a cadeira de rodas nova e a levei ao hospital. Outra emergência. Não queria ver os olhares dos médicos me cobrando uma situação que só existia em suas cabeças. Estava ficando paranoica. As luzes dos outros carros me cegavam e no frio das 3h da manhã, quase consegui bater com o carro, ao desviar de uma obra da prefeitura mal sinalizado. Fomos rapidamente atendidas. Enquanto era feito o curativo e uma nova tomografia, eu aguardava na recepção. Rezava para que nada de mal a tivesse acontecido. Chorava.  Negociava com Deus, que estaria aceitando essa metade de mãe que ele tinha me devolvido. Tudo bem, melhor a metade do que nada. Fiz as passes com ele.
A cabeça dela foi enfaixada igualzinho aqueles filmes de múmia. Já eram 6 da manhã e voltamos pra casa. Hora de limpar tudo, dar de comer e deixa-la dormir um pouco. Desde dia em diante, ela não caiu mais da cama.





2 comentários:

  1. Poxa Juana porque vc não falou logo desse blog. Eu tô em lágrimas passo pela mesma coisa o mesmo desespero de minha mãe se jogar se machucar e todos pensaram que machucamos ela. Juana essas fase dói tanto porque eu fico com tanta raiva da minha mãe a mulher mais forte do mundo não ser mais ela sabe eu já gritei , acorda minha mãe a senhora não pode ter esquecido tudo que te disse a cinco minutos. Eu gritava porque eu não aceitava ela daquele jeito hoje já tô conformada e fico pedindo os bjinhos como sua mãe te enche. Juana como é complicado as vezes acho que vou surtar que vou perder a sanidade. Muito obrigada Juana eu acabava que estáva só Deus te abençoe sempre e que nunca diminua o amor por sua mãe e vc também é guerreira eu tô lendo coisas inacreditáveis que vc passou e passa até hoje. Força Juana força.

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  2. Muita histórias a serem cobradas. Vou tentar escrever um pouco por dia.

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